Acompanhando de perto as eleições presidenciais, o jornalista e analista político Sérgio Abranches respirou aliviado por volta das duas e meia da manhã desta quarta feira (07/11), quando foi possível afirmar que Barack Obama havia sido reeleito. Ele escreveu o texto abaixo em seu site, que reproduzimos aqui:
Obama Reeleito, por Sérgio Abranches
Perto de 2:30 da manhã desta quarta-feira, horário de Brasília, foi possível dizer que Obama será reeleito presidente dos Estados Unidos. Não foi a economia. Foi a demografia quem lhe deu a vitória, apertada, mas suficiente para lhe conferir um claro mandato. A vitória anunciada foi em votos eleitorais. Romney tinha pequena vantagem no voto popular, mas os votos ainda estavam sendo contados, principalmente em estados grandes como a Califórnia.
Entre 2008 e 2012, cresceu o eleitorado latino, jovem, feminino e de minorias como asiáticos. O partido republicano não tem proposta, nem discurso para essa parte do eleitorado. Continua um partido dos Estados Unidos branco e rico.
Aumentou a polarização ideológica no Congresso. Os Democratas mantiveram a maioria – estreita – no Senado, que se moveu para a esquerda, com a conquista por candidatas progressistas de duas cadeiras ocupadas por moderados. Obama terá que lidar com essa polarização ampliada para enfrentar o desafio fiscal (abismo fiscal) que vai demandar pronta resposta do Congresso logo no início da sessão eleitoral e garantir condições de governança.
A vitória de Obama representa um alívio considerável em três áreas fundamentais. Na área ambiental, que corria o risco de sofrer grave retrocesso em um eventual governo Romney. Na questão climática, por exemplo, ele sustentava a mesma posição que Bush pai defendeu na Rio 92: é uma questão controvertida que requer mais estudos. Propunha desmantelar a agência ambiental, EPA, e cancelar as regulações para emissões, poluição e uso de carvão em termelétricas. No campo da política de energia, Romney defendia a exploração intensiva de combustíveis fósseis domésticos, especialmente petróleo e carvão. Obama não descarta a exploração de petróleo, mas não favorece o carvão e dá prioridade às energias renováveis, principalmente eólica e solar.
A segunda área de alívio é a externa. Romney defendia o retorno à atitude belicista de Bush, além de uma guerra comercial com a China. A tensão já elevada em áreas de conflitos intratáveis, sobretudo no Oriente Médio, poderia se elevar a níveis sem precedentes desde o 11 de setembro. Obama continuará a redução do engajamento militar no Afeganistão, evitará apoiar a escalada do conflito Israel/Palestina e Israel/Irã e dará preferência à negociação com a China, ainda que mantendo uma atitude contenciosa na política comercial.
A terceira área de distensão é a científica. Romney pretendia reduzir o financiamento da pesquisa não-militar e ampliar a pesquisa militar. Obama propôs redução de 1,5% no orçamento de P&D ligado à Defesa e aumento de 5% das verbas para P&D voltada para a ciência de fronteira e as tecnologias limpas.
A vitória de Obama era previsível. Hoje pela manhã, na CBN disse isso: que havia mais de 80% de chance de vitória do presidente. Mas toda eleição tem incertezas e pode ter surpresas inesperadas. Não aconteceu. As previsões estavam corretas, a tendência e o momento eram pró-Obama, mais claramente, desde o debate de Denver e foram fortalecidos depois que a supertempestade Sandy atingiu Nova York.
Obama Reeleito, por Sérgio Abranches
Perto de 2:30 da manhã desta quarta-feira, horário de Brasília, foi possível dizer que Obama será reeleito presidente dos Estados Unidos. Não foi a economia. Foi a demografia quem lhe deu a vitória, apertada, mas suficiente para lhe conferir um claro mandato. A vitória anunciada foi em votos eleitorais. Romney tinha pequena vantagem no voto popular, mas os votos ainda estavam sendo contados, principalmente em estados grandes como a Califórnia.
Entre 2008 e 2012, cresceu o eleitorado latino, jovem, feminino e de minorias como asiáticos. O partido republicano não tem proposta, nem discurso para essa parte do eleitorado. Continua um partido dos Estados Unidos branco e rico.
Aumentou a polarização ideológica no Congresso. Os Democratas mantiveram a maioria – estreita – no Senado, que se moveu para a esquerda, com a conquista por candidatas progressistas de duas cadeiras ocupadas por moderados. Obama terá que lidar com essa polarização ampliada para enfrentar o desafio fiscal (abismo fiscal) que vai demandar pronta resposta do Congresso logo no início da sessão eleitoral e garantir condições de governança.
A vitória de Obama representa um alívio considerável em três áreas fundamentais. Na área ambiental, que corria o risco de sofrer grave retrocesso em um eventual governo Romney. Na questão climática, por exemplo, ele sustentava a mesma posição que Bush pai defendeu na Rio 92: é uma questão controvertida que requer mais estudos. Propunha desmantelar a agência ambiental, EPA, e cancelar as regulações para emissões, poluição e uso de carvão em termelétricas. No campo da política de energia, Romney defendia a exploração intensiva de combustíveis fósseis domésticos, especialmente petróleo e carvão. Obama não descarta a exploração de petróleo, mas não favorece o carvão e dá prioridade às energias renováveis, principalmente eólica e solar.
A segunda área de alívio é a externa. Romney defendia o retorno à atitude belicista de Bush, além de uma guerra comercial com a China. A tensão já elevada em áreas de conflitos intratáveis, sobretudo no Oriente Médio, poderia se elevar a níveis sem precedentes desde o 11 de setembro. Obama continuará a redução do engajamento militar no Afeganistão, evitará apoiar a escalada do conflito Israel/Palestina e Israel/Irã e dará preferência à negociação com a China, ainda que mantendo uma atitude contenciosa na política comercial.
A terceira área de distensão é a científica. Romney pretendia reduzir o financiamento da pesquisa não-militar e ampliar a pesquisa militar. Obama propôs redução de 1,5% no orçamento de P&D ligado à Defesa e aumento de 5% das verbas para P&D voltada para a ciência de fronteira e as tecnologias limpas.
A vitória de Obama era previsível. Hoje pela manhã, na CBN disse isso: que havia mais de 80% de chance de vitória do presidente. Mas toda eleição tem incertezas e pode ter surpresas inesperadas. Não aconteceu. As previsões estavam corretas, a tendência e o momento eram pró-Obama, mais claramente, desde o debate de Denver e foram fortalecidos depois que a supertempestade Sandy atingiu Nova York.