(Direto do site da Revista Veja)
Vazamento para o mar vem ocorrendo ao longo dos últimos dois anos, segundo o governo. Diques de contenção já estão no limite da capacidade
O governo japonês informou nesta quarta-feira que a usina nuclear de Fukushima lança aproximadamente 300 toneladas de água radioativa por dia no mar. E mais: o vazamento vem ocorrendo ao longo dos últimos dois anos. Tóquio salienta, porém, que a maior parte da água contaminada se limita às regiões próximas à usina, cujo porto se encontra isolado do mar aberto por diversos diques de contenção.
Na segunda-feira, Shinji Kinjo, diretor da força-tarefa da Autoridade Reguladora Nuclear do Japão, havia afirmado que o vazamento criou uma situação de emergência que a empresa dona da usina tem dificuldades para resolver. Segundo ele, a água contaminada no lençol freático está subindo para a superfície e excedendo os limites legais de descarga radioativa.
A empresa Tokyo Electric Power Co. (Tepco), que administra a usina, disse estar adotando várias medidas para que a água contaminada não saia da baía próxima à usina. A Tepco foi muito criticada por não ter se preparado adequadamente para situações como o terremoto seguido de tsunami que destruiu a usina de Fukushima em 2011. A empresa também foi acusada de tentar acobertar suas falhas e de reagir de forma incompetente ao derretimento dos reatores.
Também nesta quarta, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, comprometeu-se a intensificar os esforços do governo para conter o vazamento de água radiativa. Abe ordenou ao seu ministro de Economia, Comércio e Indústria, Toshimitsu Motegi, que resolva a situação urgentemente e tome providências para garantir que a Tepco realize a limpeza dos locais atingidos – ação que deve levar 40 anos e vai custar 11 bilhões de dólares.
Já a Tepco diz que não pode confirmar a quantidade exata de água contaminada que está vazando para o oceano. "Nós não somos capazes de dizer claramente o quanto de água está realmente fluindo para o oceano", disse Noriyuki Imaizumi, porta-voz da companhia.
A Motegi caberá ainda elaborar um plano para dar assistência à Tepco nos trabalhos de redução do vazamento. Nos próximos meses, o governo vai solicitar fundos do orçamento do próximo ano fiscal para ajudar a financiar um projeto que consiste no congelamento da terra ao redor da usina para bloquear a fuga d’água. A maior preocupação da Tepco é o acumulo de água contaminada no subsolo dos edifícios dos reatores, inacessíveis em sua maioria devido à alta radiação.
Diante dessa situação, a companhia construiu barreiras subterrâneas nos porões e, desde o início desta semana, passou a bombear e armazenar essa água nos mais de 1 000 tanques contêineres levados ao complexo. No entanto, estes contêineres já se encontram próximo ao limite de suas capacidades e, por isso, o procedimento de criar muros protetores após o congelamento do solo desponta como a medida mais efetiva neste momento, segundo os especialistas.
(Com agências EFE e Reuters)