O Estado de S. Paulo, 16/AGO/2009 - Uma área de cerca de 300 mil metros quadrados em São Caetano do Sul, cidade com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País e com uma imensa procura imobiliária, é atualmente a mais cobiçada da região do ABC paulista. Está localizada ao lado da porta de entrada da região do ABC ao metrô, a futura Estação Tamanduateí da Linha 2-Verde, paralela à futura linha de Veículo Leve sobre Trilho (VLT) que ligará Tamanduateí a São Bernardo do Campo e vizinha da Avenida do Estado.
Um negócio e tanto, ainda mais quando se leva em conta que o município tem apenas 12 km² de área e quase nenhum espaço ocioso para o mercado imobiliário. Mas esse mesmo terreno, que pertenceu à extinta Indústrias Químicas Matarazzo, está contaminado. E até aqui, inutilizado. A contaminação do local foi detectada na década de 1980. O conglomerado industrial fabricava soda cáustica, cloro, compostos de cloro, ácido sulfúrico, rayon, celulose e carbureto de cálcio, além de produzir agrotóxicos (hexaclorocicloexano e toxafeno).
A desativação do complexo foi feita de forma gradativa, entre 1978 e 1987. Mesmo assim, ainda é possível sentir cheiro de pesticida no ar. A área está totalmente isolada com muros. Placas informam sobre o perigo do local contaminado. Os produtos químicos penetraram o solo e atingiram também o Córrego dos Meninos, que deságua no Rio Tamanduateí, mais à frente. O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior, confirma que há interesse de várias empresas na área da Matarazzo.
"O boom imobiliário e a excelente localização do terreno dão maior importância para o local. Mas a Cetesb sempre é senhora do respeito. Os parceiros (empresas interessadas) precisam fazer a sua parte (para a possível liberação do terreno)", diz, sem revelar quais empreendedoras querem construir na área. A Cetesb informou que a prefeitura de São Caetano ficou de apresentar uma proposta de intervenção para a área da Matarazzo para que fosse feita uma análise técnica. Num trecho de 18 mil m² do imenso terreno, a administração municipal também pretende construir um parque e fazer a reurbanização de área próxima da igreja do bairro Fundação.
SANTO ANDRÉ
A região do ABC conta com 244 áreas contaminadas das 2.514 registradas em todo Estado pela Cetesb. Na vizinha Santo André, dois terrenos começam a passar por processo de desinstalação industrial e futura descontaminação para dar espaço a um novo empreendimento imobiliário de alto padrão. Trata-se de uma área na Avenida Industrial, no Bairro Jardim, uma das mais valorizadas do município, onde até a década de 1980 funcionaram as fábricas de fertilizantes IAP e Copas. Apesar de estarem fechadas há mais de 25 anos, ainda há fertilizante no local.
A Construtora Goldfarb comprou os dois imóveis, onde vai erguer torres de apartamentos. O local é vizinho de uma estação da CPTM e de um terminal rodoviário, além de estar ao lado do Parque Celso Daniel. De acordo com a Cetesb, em 26 de outubro de 2006 foi dado parecer desfavorável à implementação de empreendimento habitacional nessa área. "Foram apresentados estudos de investigação ambiental da área, sendo que vêm sendo executadas medidas de recuperação, com a remoção de tanques, de resíduos de fertilizantes, tamponamento de poços de abastecimento (de água) e outras ações", diz a companhia.
O Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa) exige que seja respeitada legislação que proíbe a ocupação de margem de 30 metros de cada lado de um córrego que cruza o terreno. "Houve mudança do projeto por parte da construtora. Estão fazendo avaliações no local", explica Luciana Toma, assistente técnica de Licenciamento Ambiental do Departamento de Gestão Ambiental do Semasa. A Goldfarb informou que está sendo elaborado um relatório para determinar ou não a existência de passivo ambiental com base na qualidade geoquímica do solo. Os testes vão associar o material contaminante encontrado e suas respectivas concentrações com possíveis riscos. A construtora garante que seguirá tudo o que a Cetesb determinar.
TRATAMENTO CUSTA ATÉ R$ 5 MIL/T
O custo do trabalho de descontaminação do solo varia de R$ 300 a mais de R$ 5 mil por tonelada de resíduo, dependendo do tipo de material contaminante e da tecnologia a ser utilizada. O modelo mais adotado é a dessorção térmica, quando é feita a incineração do solo contaminado. "Também pode fazer a blindagem dos resíduos que são transportados para serem incinerados em outro local. Quanto mais perigoso o resíduo, mais usado é o incinerador", explica Natalia Medeiros Guimarães, diretora da Esbra Environmetal Solutions do Brasil. As cinzas, por estarem livres de contaminação, segundo a empresa, podem ser depositadas depois em aterros sanitários.
O solo remanescente onde se fez a queima dos resíduos contaminados passa por uma análise posterior e recebe acompanhamento com análises químicas. "Essas ações de descontaminação são muito utilizadas na Europa, onde há falta de áreas novas para construção. Aqui em São Paulo, todo o trabalho e os equipamentos utilizados são homologados pela Cetesb", diz Natália. Também é possível fazer descontaminação de lençol freático. "O processo retira primeiro os resíduos da água e depois são feitos diagnósticos para medir o grau de contaminação. Mas é um processo longo."(AE)
Um negócio e tanto, ainda mais quando se leva em conta que o município tem apenas 12 km² de área e quase nenhum espaço ocioso para o mercado imobiliário. Mas esse mesmo terreno, que pertenceu à extinta Indústrias Químicas Matarazzo, está contaminado. E até aqui, inutilizado. A contaminação do local foi detectada na década de 1980. O conglomerado industrial fabricava soda cáustica, cloro, compostos de cloro, ácido sulfúrico, rayon, celulose e carbureto de cálcio, além de produzir agrotóxicos (hexaclorocicloexano e toxafeno).
A desativação do complexo foi feita de forma gradativa, entre 1978 e 1987. Mesmo assim, ainda é possível sentir cheiro de pesticida no ar. A área está totalmente isolada com muros. Placas informam sobre o perigo do local contaminado. Os produtos químicos penetraram o solo e atingiram também o Córrego dos Meninos, que deságua no Rio Tamanduateí, mais à frente. O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior, confirma que há interesse de várias empresas na área da Matarazzo.
"O boom imobiliário e a excelente localização do terreno dão maior importância para o local. Mas a Cetesb sempre é senhora do respeito. Os parceiros (empresas interessadas) precisam fazer a sua parte (para a possível liberação do terreno)", diz, sem revelar quais empreendedoras querem construir na área. A Cetesb informou que a prefeitura de São Caetano ficou de apresentar uma proposta de intervenção para a área da Matarazzo para que fosse feita uma análise técnica. Num trecho de 18 mil m² do imenso terreno, a administração municipal também pretende construir um parque e fazer a reurbanização de área próxima da igreja do bairro Fundação.
SANTO ANDRÉ
A região do ABC conta com 244 áreas contaminadas das 2.514 registradas em todo Estado pela Cetesb. Na vizinha Santo André, dois terrenos começam a passar por processo de desinstalação industrial e futura descontaminação para dar espaço a um novo empreendimento imobiliário de alto padrão. Trata-se de uma área na Avenida Industrial, no Bairro Jardim, uma das mais valorizadas do município, onde até a década de 1980 funcionaram as fábricas de fertilizantes IAP e Copas. Apesar de estarem fechadas há mais de 25 anos, ainda há fertilizante no local.
A Construtora Goldfarb comprou os dois imóveis, onde vai erguer torres de apartamentos. O local é vizinho de uma estação da CPTM e de um terminal rodoviário, além de estar ao lado do Parque Celso Daniel. De acordo com a Cetesb, em 26 de outubro de 2006 foi dado parecer desfavorável à implementação de empreendimento habitacional nessa área. "Foram apresentados estudos de investigação ambiental da área, sendo que vêm sendo executadas medidas de recuperação, com a remoção de tanques, de resíduos de fertilizantes, tamponamento de poços de abastecimento (de água) e outras ações", diz a companhia.
O Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa) exige que seja respeitada legislação que proíbe a ocupação de margem de 30 metros de cada lado de um córrego que cruza o terreno. "Houve mudança do projeto por parte da construtora. Estão fazendo avaliações no local", explica Luciana Toma, assistente técnica de Licenciamento Ambiental do Departamento de Gestão Ambiental do Semasa. A Goldfarb informou que está sendo elaborado um relatório para determinar ou não a existência de passivo ambiental com base na qualidade geoquímica do solo. Os testes vão associar o material contaminante encontrado e suas respectivas concentrações com possíveis riscos. A construtora garante que seguirá tudo o que a Cetesb determinar.
TRATAMENTO CUSTA ATÉ R$ 5 MIL/T
O custo do trabalho de descontaminação do solo varia de R$ 300 a mais de R$ 5 mil por tonelada de resíduo, dependendo do tipo de material contaminante e da tecnologia a ser utilizada. O modelo mais adotado é a dessorção térmica, quando é feita a incineração do solo contaminado. "Também pode fazer a blindagem dos resíduos que são transportados para serem incinerados em outro local. Quanto mais perigoso o resíduo, mais usado é o incinerador", explica Natalia Medeiros Guimarães, diretora da Esbra Environmetal Solutions do Brasil. As cinzas, por estarem livres de contaminação, segundo a empresa, podem ser depositadas depois em aterros sanitários.
O solo remanescente onde se fez a queima dos resíduos contaminados passa por uma análise posterior e recebe acompanhamento com análises químicas. "Essas ações de descontaminação são muito utilizadas na Europa, onde há falta de áreas novas para construção. Aqui em São Paulo, todo o trabalho e os equipamentos utilizados são homologados pela Cetesb", diz Natália. Também é possível fazer descontaminação de lençol freático. "O processo retira primeiro os resíduos da água e depois são feitos diagnósticos para medir o grau de contaminação. Mas é um processo longo."(AE)